PAGAR PELO SERVIÇO OU TER A MINHA PRÓPRIA OFICINA DE REAFIAÇÃO?

Em 2008, quando a minha primeira LT15 Wood-Mizer chegou, não demorou muito para descobrir que uma caixa de lâminas novas logo se transforma numa uma caixa de lâminas cegas. Naquela época, a solução que este serrador de primeiríssima viagem encontrou foi procurar um Serviço de Reafiação. O problema é que não havia um serviço especializado em lâmina estreita. As afiações atendiam apenas a demanda das serrarias tradicionais. Apesar disso, uma delas se dispôs a ajudar, mas o resultado não foi bom e quatro lâminas restaram imprestáveis. Também pudera! O pessoal nunca havia reafiado um perfil de dente parabólico como o daquelas Double Hard 10° e os afiadores eram completamente incompatíveis.

Como naquele tempo não havia mais o que fazer, o jeito foi investir em um afiador e um travador Wood-Mizer. Foi quando montei a minha oficina de reafiação dedicada às lâminas Wood-Mizer passo 7/8” e perfil estreito.

Hoje, ao menos aqui no Rio Grande do Sul, o serrador móvel tem a sua disposição serviços especializados em Reafiação de lâmina estreita oferecidos pelos fabricantes de serrarias móveis, apesar dos flagrantes problemas de qualidade a serem superados.

Ainda assim, não deixa de ser pertinente a seguinte questão: o que vale mais a pena no cenário atual, pagar pelo Serviço de Reafiação ou ter a minha própria Oficina de Reafiação?

Melhor resposta, a meu critério: DEPENDE!

Eu vou dividir a análise desse tema em duas partes. Primeiro, o serrador que pensa em montar uma oficina própria de reafiação precisa verificar se tem à sua disposição a mão-de-obra adequada à tarefa. Essa pessoa precisa ser calma, atenta a detalhes, organizada e com boa visão. Esse conjunto de competências é absolutamente indispensável para você obter uma lâmina reafiada com desempenho similar ao de uma lâmina nova. Preenchido esse requisito, você estaria apto a ter a sua própria oficina de reafiação. Mas será que vale o investimento?

Em se tratando de uma LT15 operando regularmente, me parece que existe um número que pode orientar a decisão de investir ou não na própria oficina. Trata-se do percentual do faturamento bruto que é reservado para pagar as reafiações mensais. O meu número médio é de 8%, considerando um horizonte de 8 anos de oficina própria. Esses 8% pagam a mão-de-obra, o custo de aquisição da lâmina e uma depreciação de equipamentos diluída em 7 anos. Notem que, no meu caso, como a oficina já tem 8 anos, os equipamentos já depreciaram, fato que derruba o meu custo de reafiação para 2% do faturamento bruto de uma LT15. Detalhe, o valor de aquisição da lâmina na equação do custo de reafiação se obtém dividindo o custo de uma serra pelo número de afiações possíveis da mesma. No meu caso o valor desse cociente é 20 porque, em média, a minha oficina entrega mais de 20 afiações por lâmina.

Por fim, aquele “depende” que eu mencionei a pouco é porque, hoje, ao invés de investir em uma oficina completa de reafiação eu poderia, simplesmente, fazer o Controle de Qualidade do Serviço que me é prestado. Se não vejamos: nos posts anteriores nós identificamos formas simples de atestar uma boa execução do serviço de reafiação. Levando isso em conta e tendo uma boa logística disponível para levar e trazer as lâminas, uma oficina de reafiação própria pode ser substituída com qualidade se você exigir do Prestador de Serviço um trabalho que atenda àqueles critérios. Para completar, o único investimento que eu faria seria adquirir um travador manual para conferir, lâmina por lâmina, as condições de travamento, corrigir imperfeições e modificar medidas, se necessário. Essa, portanto, é uma terceira via que também pode entregar um resultado de alto nível ao serrador móvel.

É importante ressaltar, já que falamos em travamento, que a trava de uma lâmina é algo tão importante no desempenho de uma serraria móvel que todo serrador precisaria ter certeza da medida da trava da lâmina e da sua exatidão para decidir sobre a melhor lâmina para determinada madeira. Isso contribui para um ótimo desempenho de serra e o máximo ganho do negócio.